Mudanças de comportamento alteram compra e venda de carros.
>> Conceito de mobilidade traz novas oportunidades para financiamento de veículos, avalia consultora da Fenabrave
Tereza Fernandez falou sobre os “Desafios junto ao novo consumidor de veículos no atual cenário econômico”, em live realizada pela Acrefi, em parceria com a Vetera Tecnologia e Soluções
As transformações em andamento na indústria automotiva exigirão um reposicionamento do mercado de crédito em busca de oportunidades para atender as demandas de um novo consumidor. A avaliação é de Tereza Fernandez, consultora econômica na TF Consultoria e na Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
“Hoje ninguém mais fala de compra e venda de carro, o conceito é mobilidade. E isso vai marcar uma mudança do ponto de vista do comportamento da indústria, de como o modelo de negócio vai se encaminhar e avançar”, disse Tereza na live “Desafios junto ao novo consumidor de veículos no atual cenário econômico”, realizada nesta terça-feira (28) pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), em parceria com a Vetera Tecnologia e Soluções.
“Essas novidades ao consumidor de veículos, em relação a mobilidade, trazem reflexões muito importantes. É uma grande mudança de paradigmas pela qual estamos passando”, avaliou Cintia M. Ramos Falcão, consultora jurídica da Acrefi, que apresentou a live.
Tereza destacou que esse conceito de mobilidade está associado à sustentabilidade, o que vai além das questões relacionadas a fontes de energias e passa pela ampliação da conectividade e introdução da condução autônoma. Outro ponto citado são os investimentos necessários para abastecimento e manutenção de carros elétricos e construção de estradas inteligentes.
“Além disso, há uma alteração no conceito de serviços”, acrescentou. Segundo ela, a maioria da população global ainda prefere ter o seu carro, mas já existe uma mudança na utilização dos veículos. Nos Estados Unidos, 12% dos veículos são compartilhados, principalmente entre a população jovem. Na Europa, o compartilhamento já está em 17%.
“Nas grandes cidades, os jovens não querem ter nada;
querem usar tudo, mas não querem ter carro e apartamento”
“No Brasil, as mudanças começam a acontecer, mas ainda de forma lenta. A maioria dos jovens gostaria de ter um carro, principalmente quando se fala do interior do país e do Nordeste, que é o grande consumidor de motos. Já nas grandes cidades, os jovens não querem ter nada; querem usar tudo, mas não querem ter carro e apartamento”, disse Tereza.
A consultora falou ainda sobre a ampliação dos serviços oferecidos pelas locadoras, que além do aluguel tradicional, passou oferecer serviços de gestão de frotas. Outra novidade no Brasil é o serviço de assinatura. Tereza acrescentou ainda que questões ambientais, sociais e de governança (ESG) têm ganhado cada vez mais peso nas escolhas do consumidor, em especial os mais jovens.
“Como o mercado de crédito pode avançar para atender as novas modalidades de consumo? Cada dia que passa, produtos e serviços vão se confundir. Como atuar junto a empresas que, por exemplo, vão locar os automóveis de locadoras para fazer sua frota ou para financiar um carro compartilhado? É possível participar do serviço de assinatura como financiador? A busca de negócios para as financiadoras é uma estrada nova com grandes oportunidades, mas é necessário estar realmente aberto a diferentes possibilidades”, concluiu.
Foto: Tereza Fernandes alerta para a mobilidade