A escritora de DivinópoliS ressurge nas manchetes
>> Adélia Luzia Prado de Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, onde vive até hoje. Escreveu seus primeiros versos em 1950, aos 15 anos, no período que seguiu o falecimento de sua mãe. Apesar de escrever desde jovem, foi aos 40 anos que publicou seu primeiro livro de poesia. Depois vieram mais 8 (Miserere, Record, 2013, foi o último) e outros 19 em prosa. Adélia Prado teve suas obras traduzidas para o inglês e o espanhol. Apesar de toda a trajetória, não foi reconhecida pelo governador mineiro, Romeu Zema, do Novo.
A escritora mineira não foi reconhecida pelo governador Romeu Zema (Novo), durante inauguração de uma rádio em Divinópolis. O chefe do Executivo ganhou um livro de presente de um dos diretores e perguntou se era de algum “radialista” da emissora (Sic). Afora as gafes, vai um poema de Adélia Prado para apreciação:
Dona Doida
Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta riu de dona tão velha,
com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.