5 verdades sobre a lente contato dental que você provavelmente não sabia
Cirurgiã dentista esclarece sobre o uso de lentes de contato dental, tratamento que ganhou popularidade, mas agora causa demanda de retrabalhos nos consultórios de especialistas
Nos últimos anos, as lentes de contato dental ganharam espaço nos consultórios e, claro, nas fotos de inúmeras pessoas no Instagram. Apesar de sua popularidade, poucas pessoas conhecem a fundo sobre realmente o que é o tratamento, para quem é indicado e quais são os cuidados depois da colocação delas. Quando bem indicado, e com acompanhamento profissional, é um ótimo tratamento, mas muitos pacientes não são bem-informados para tomar essa decisão. A cirurgiã dentista e doutora em Reabilitação Oral, Talita Dantas (foto) esclarece algumas coisas abaixo.
1- Lente de contato é considerada uma prótese e, por isso, é irreversível
É isso mesmo. A lente de contato dental, na verdade, é uma prótese. Isso é o que tem acontecido: os pacientes abrem mão de seus dentes para colocar um material artificial para repor uma parte do corpo. Apesar de existirem opções de remoção a laser das lentes de contato, a estrutura dental desgastada deixa de existir e não é possível devolvê-la.
“Como prótese é um nome feio, ninguém gosta de usar, mas a verdade é isso. E remover a lente de contato dental é como trocar o piso de casa: quando tiramos o piso antigo a base estará destruída e é preciso preparar o terreno para receber outro revestimento, não dá pra deixar sem o piso”, afirma Talita Dantas.
2- Quase sempre é preciso “desgaste” do dente para encaixe das peças
Na maioria dos casos, é necessário preparar minimamente o dente para que a lente se encaixe bem, com conforto, boa adaptação e, claro, boa estética. “Quando falamos em desgaste, pode gerar medo ou insegurança no paciente e, de fato, existem equívocos de profissionais que fazem o desgaste além do necessário. Mas, na verdade, são poucos os casos que a gente consegue realizar sem algum desgaste. Porém, quando esse preparo é feito por um profissional com bom senso e com os instrumentais adequados, esse prepare pode ser suave e leve”, explica a cirurgiã.
3- Lentes de contato duram até 20 anos, mas precisam de manutenção
Segundo estudos, a durabilidade das lentes é entre 10 e 20 anos, mas isso não dispensa a manutenção periódica, já que elas podem fraturar por mau hábito do paciente, infiltrar, manchar ou serem substituídas por materiais melhores e técnicas melhores. “Assim como um paciente sem lentes de contato, as visitas ao dentista devem ocorrer a cada seis meses pra fazer limpeza e avaliação das lentes para ver se é preciso algum reparo”, explica Talita.
4- Nem todo dentista é habilitado para realizar esse procedimento
A colocação das lentes não é um procedimento simples e existem riscos de colocar a lente de contato, principalmente a perda dental, algo que tem ocorrido com grande frequência. A verdade é que nem todo dentista tem capacitação para esses tratamentos e o paciente deve sempre conferir se ele tem formação em uma dessas três áreas: reabilitação oral, prótese ou dentística.
“Nós, especialistas, estamos recebendo casos de retrabalho nos consultórios. Já acompanhei pacientes que colocaram lente de contato dental há pouco tempo e estão apresentando gengivas inflamadas, dentes com cáries e outras doenças que não foram tratadas antes. Nesses casos, é preciso desfazer tudo, tratar as doenças e refazer, o que acaba sendo um custo em dobro para o paciente”, lamenta Talita que é doutora em Reabilitação Oral.
5- Pacientes jovens com dentes saudáveis precisam ser muito bem orientados
Outra situação que Talita lamenta é ver pacientes com dentes saudáveis - que poderiam se beneficiar de um simples clareamento ou de um pequeno reparo com resina -, que acabam passando por procedimentos extremamente invasivos, e até irreversíveis, como as lentes de contato, apenas pela estética.
“Existe o perfil de paciente que busca pelo artificial, e isso tem que ser respeitado, mas a busca exagerada tem colocado em pauta a discussão sobre exagero de tratamentos também. É preciso muita ética para realizar tratamentos em pacientes muito jovens. Vejo pessoas com dentes hígidos, que não possuem uma restauração sequer, passando por procedimentos de desgastes, preparos e colocação de lente de contato por modismo estético”, finaliza Talita.