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Mostras Amalgamados e Goiás das Restaurações

fazem parte da programação cultural do mês de julho em Goiás

 

 

>> Por Cláudia Nunes

 

O Instituto Biapó e o Museu Casa de Cora Coralina promovem duas exposições, de 15 de julho a 2 de outubro de 2022, no Instituto Biapó: Amalgamados, do artista plástico Fernando Madeira; e Goiás das Restaurações, um conjunto de fotografias enfocando aspectos relevantes da arquitetura e do urbanismo da cidade de Goiás, por Silvio Cavalcante. A abertura das mostras acontece no dia 15 de julho, às 19 horas.

 

Amalgamados

 

A obra de Fernando Madeira é marcada por sua formação em arquitetura, especialização em restauração e experiência em diversos trabalhos desenvolvidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Nas artes plásticas, o artista explora a ação do tempo sobre coisas e pessoas. Utiliza-se de diversos materiais que ele mesmo recupera, conserta, recicla, para expressar ideias que sempre o fascinaram, como “as ruínas, o envelhecer, o respeito à beleza daquilo que não tem mais serventia”, diz. Dessa forma, o sentido da construção e a arquitetura permanecem como o vetor dominante de todo seu trabalho.

 

Natural de Angra dos Reis (RJ), após trabalhar exclusivamente como arquiteto por anos, Madeira descobriu as artes plásticas e sua predileção pelo cruzamento de materiais (papelão, madeira e outros apetrechos iguais às bandagens utilizadas em cirurgias médicas) e técnicas, como a colagem, a aquarela, que, em sua obra, assumem outro significado.

 

Segundo Angélica Madeira, curadora da exposição e esposa do artista, esta é uma oportunidade de reunir obras dispersas entre diferentes colecionadores, de “reler a obra de Fernando Madeira a partir da perspectiva do amálgama”, ou seja, de uma mistura de coisas diversas para formar um todo. “Começando pelo último trabalho – uma placa em concreto armado encontrada por acaso no cerrado – seguem-se colagens, assemblages, pinturas, instalações e intervenções, obras realizadas em diferentes épocas e que denunciam essa espécie de obsessão em preservar o que é belo e conter a destruição, o desgaste inevitável que vem com o tempo e o descaso. Paradoxo e angústia do artista que deseja conservar o tempo, mesmo tendo constatado ou tido uma revelação ao encontrar a placa que dizia ser a única constante da vida, a mudança”, explica ela em seu texto de apresentação.

 

“Por muitas e não levianas razões, esta Exposição representa um momento muito especial. Fernando Madeira retorna à cidade de Goiás como artista. Não mais para oferecer soluções urbanísticas ou arquitetônicas para a preservação do rico patrimônio da cidade, mas somente o artista, isto é, despojado de toda intenção utilitária, poesia pura, finalidade suprema da arte.

 

Nada melhor do que buscar a Filologia para elucidar uma questão bizantina, mas que inquieta o artista. Artista? Restaurador? Arquiteto?

 

Almagamados, dislexia poética que autoriza o sujeito a pôr sua alma em qualquer lugar em que esteja. Alma, todo mundo sabe o que é, anima em latim, aquilo que vivifica; mas... gamados? Recorro ao dicionário: gíria brasileira, vidrado, cruzado, de “gama” que quer dizer cruz.

 

Artista é artista. Como Midas, em tudo o que toca, vira ouro, vira arte.

 

Fernando é artista cruzado. É artista quando elabora seus projetos de arquitetura, é artista quando restaura. Porque artista é artista. Conheço mesmo artistas que não deixaram obras e não deixaram de ser artistas.

 

Artista é artista. Como Midas, em tudo o que toca, vira ouro, vira arte. Lixo ou rejeitos; papéis, papelões, areia, folhas, gravetos colhidos no cerrado. Tudo o que vê, tudo o que recolhe, tudo se transmuta em beleza; em tudo há a marca da sensibilidade como guia.

 

A sensibilidade vem sempre antes da razão, antes mesmo da pesquisa técnica que dá forma a suas criações. O arquiteto e o restaurador são artistas, e o artista é arquiteto e restaurador, pois é inegável o vínculo de suas obras com a arquitetura e o restauro.

 

Para esta exposição no Instituto Biapó, foram selecionadas obras mais diretamente relacionadas às práticas acima referidas. Começando pelo último trabalho – uma placa em concreto armado encontrada por acaso no cerrado – seguem-se colagens, assemblages, pinturas, instalações e intervenções, obras realizadas em diferentes épocas e que denunciam essa espécie de obsessão em preservar o que é belo e conter a destruição, o desgaste inevitável que vem com o tempo e o descaso. Paradoxo e angústia do artista que deseja conservar o tempo, mesmo tendo constatado ou tido uma revelação ao encontrar a placa que dizia ser a única constante da vida, a mudança.

 

A oportunidade de reunir obras dispersas entre diferentes colecionadores; a sugestão de reler a obra de Fernando Madeira a partir da perspectiva do amálgama; o acolhimento da cidade de Goiás; o convite do Instituto Biapó; os esforços reunidos e a cooperação intensa entre os responsáveis por essa Exposição são razões que tornam esse evento marcante para o artista, para os realizadores e para a cidade de Goiás.

 

Goiás das Restaurações

 

Em outro espaço do Instituto Biapó, uma série de 45 fotografias de autores diversos lança um olhar para aspectos relevantes da arquitetura e do urbanismo da cidade de Goiás. Divididas por temas que contemplam o histórico, o urbano, a devoção religiosa, os elementos de destaque das construções e as edificações, as imagens permitem que sejam observadas as permanências e as alterações na paisagem e nos imóveis através dos tempos.

 

A mostra iconográfica também ajuda a compreender melhor a dimensão e a importância da preservação e da conservação dos monumentos históricos que compõem o rico acervo deste expressivo exemplar do patrimônio cultural da humanidade. Participam da exposição Adriano Assunção, Adriano Carvalho, Eliane de Castro, Fátima Macedo, Gabriel Côrtes, Geraldo Gomes e Paulo Dourado. Além das fotografias desses autores, a mostra conta com dois acervos, da Marsou Engenharia e do Iphan, incluindo um desenho do botânico e desenhista britânico William Burchell.

 

A exposição tem curadoria de Silvio Cavalcante, com participação de Fabiana Lima e Gabriel Côrtes. “A restauração é a confirmação da beleza, da história e da importância dos nossos bens patrimoniais. É uma arte feita sob rigores técnicos. E, convenhamos, é muito mais difícil de ser feita do que a construção primeva, pois não se trata de reconstruir fazendo parecido, mas de restaurar da maneira e com os materiais com que o imóvel foi concebido e erigido”, diz o curador da mostra.

 

SERVIÇO:

Evento: Amalgamados – Exposição de Fernando Madeira

Data:15 de julho (Abertura)

Hora: 19h

Local: Instituto Biapó (cidade de Goiás)

Evento: Goiás das Restaurações – Exposição de Fotografias

Data: 15 de julho (Abertura)

Hora: 19h

Local: Instituto Biapó (cidade de Goiás)

Realização: Instituto Biapó, Museu Casa de Cora Coralina e Comissão Tricentenário Cidade de Goiás

Apoio: Instituto Rizzo, Instituto Bertrand Fleury, Organização Vilaboense de Artes e Tradições, Restaurante Flor de Ipê e UmMix.

Armando Araújo - GO 554 JP

Assessoria de Comunicação e Jornalismo

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